7 de ago. de 2008

Os Três Nadas

Os Três Nadas
(Inspirado nas duas sombras de Olegário Mariano)

No ponto cuminante de espaço sideral
Quando as energias se dissiparam
Três nadas comovidos se encontraram

O primeiro falou: Eu queria ter nascido
Pra viver, chorar e sorrir
Entretanto dentro de um preservativo
Desgraçadamente me perdi

O segundo disse: De um encontro sem parseira
Sem amor, sem carinho e sem paixão
Por isso fui arremessado sobre o chão

O terceiro lamentou: E eu que já estava dentro
De um ventre quente e macio
Quando ela por vaidade ou requinte
Tomou a pírola do dia seguinte

Quando na Via Láctea as estrelas cintilarem
Os três nadas em desespero se abraçaram
E no Buraco Negro do Universo
Trêmulos rolaram

Geraldo Alves Martins
Feira de Santana-Ba, março de 2005

As Duas Sombras

As Duas Sombras
(A poesia que inspirou Os Três Nadas - Geraldo Alves)

Na encruzilhada silenciosa do Destino,
Quando às estrelas se multiplicaram
Duas sombras errantes se encontraram.

A primeira falou: - Nasci de um beijo
De luz, sou força, vida, alma, esplendor.
Trago em mim toda a glória do Desejo,
Toda a ânsia do Universo... Eu sou o Amor

O mundo sinto exânime a meus pés...
Sou Delírio... Loucura... E tu, quem és?
- Eu nasci de uma lágrima, sou flama
Do teu incêndio que devora...

Vivo dos olhos tristes de quem ama
Para os olhos nevoentos de quem chora.
Dizem que ao mundo vim para ser boa

Para dar do meu sangue a quem me queira
Sou a saudade, a tua companheira
Que punge, que consola e que perdoa...

Na encruzilhada silenciosa do Destino.
As duas Sombras comovidas se abraçaram
E, de então, nunca mais se separaram.

Olegário Mariano

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